10 de agosto de 2012

A técnica esquerdista da "prestidigitação semântica"

"O Prestidigitador", de Hieronymus Bosch
Toda vez que eu leio algum texto criado por uma mentalidade esquerdista, sempre me deparo com algum tipo de “prestidigitação semântica”. Ou seja, algum tipo de enganação, de imbróglio, de fraude. O “raciocínio” é montado deliberadamente, fazendo uso da má fé, para o receptor a chegar a conclusões falsas. E na maioria das vezes artifício é tão rasteiro, tão barato, que fico me perguntando porque as outras pessoas não o percebem tão claramente quanto eu próprio.

Recentemente a Carta Capital publicou um comentário sobre o massacre que aconteceu há alguns dias em um cinema americano, com o título de “James Holmes, um consumidor”. Muitos dos meus amigos, pessoas que eu consideram inteligentes, incensaram o texto, sem perceberem o truque (se as pessoas se tornassem só um pouquinho mais “semanticamente expertas”, a Carta Capital faliria). O autor construiu assim seu número de “mágica”: em qualquer narrativa ficcional, “sangue” e “sêmen” são os dois ingredientes de popularidade. Sempre foi assim, basta passar os olhos pelas páginas das “1001 Noites”; não poderia ser diferente no cinema. O texto ignora esse dado da ordem da realidade e monta um discurso que afirma haver um complô da parte da indústria armamentista, com o objetivo de monopolizar o espaço cinematográfico como forma de publicidade. Depois ele chama a “indústria cinematográfica” de “a sociedade” e chama a “indústria armamentícia” de “o mercado” e conclui com a pérola: “O atirador do Colorado não fez nada que a sociedade e o mercado não conhecessem e incentivassem.”

Outro episódio recente foi o caso da atleta grega. Voula Papachristou postou em sua conta no Twitter sobre o “Vírus do Oeste do Nilo” (uma doença originária da África transmitida por mosquitos, que este ano matou uma pessoa na Grécia e infectou outras quase 200). Ela escreveu: “Com tantos africanos na Grécia… pelo menos os mosquitos do Vírus do Oeste vão poder comer comida feita em casa”. Foi acusada de “racismo”, pelos partidos de esquerda gregos, que entraram com representação junto ao Comitê Olímpico para impedi-la de participar do evento. O comentário é sem dúvida de mal gosto, mas não fez nenhuma alusão à raça nem à cor da pele de quem quer que seja. A verdade é que foi um comentário xenofóbico, ou seja, de repulsa à presença de povos estrangeiros. Mas a xenofobia não é um comportamento que seja socialmente tão mal visto quanto o racismo. Se a acusação contra a atleta fosse de “xenofobia”, correr-se-ia o risco de que a punição fosse uma advertência, e que ela acabasse participando e, quem sabe, levado uma medalha para a Grécia. O que fazer, então? Basta chamar “xenofobia” de “racismo” e voilà! Está garantida a vitória no caso. Tanto assim que a atleta está impedida de participar do evento em Londres.

Enfim, o mundo se divide entre aqueles que acreditam que “os fins justificam os meios” e aqueles que acreditam que “os meios determinam os fins”. Mas poucos, muito poucos, conseguem perceber quando estão diante de um “meio” desonesto.

Esse texto também foi publicado no Fórum Homens Realistas